terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Não olhe para... o lado!


Finalmente assisti "Don't look up"!

Embora eu esteja meio atrasada (afinal o hype foi em Dezembro/21) eu consegui assistir o filme essa semana e o debate que está sendo "adiado" para evitar os temidos spoilers para quem não assistiu, teve seu cauteloso começo esse fim de semana.

Como muitos amigos ainda não viram o filme, tocamos apenas em um ponto que fora levantado e que me fez querer falar a respeito: machismo.

Um amigo comentou que diferente das críticas que ele viu sobre o filme, ele achava que "o machismo não era a razão pela qual as pessoas davam ouvidos ao cientista (Leonardo de Caprio)...!".
Isso me fez pensar bastante, principalmente porque ele é homem e certamente nunca se sentiu menosprezado por não ter sido ouvido ou nunca deve ter tido sua credibilidade em cheque somente por ser homem.

Segundo ele, as pessoas do filme só davam mais credibilidade ao Dr. Mindy, do que à Kate (Jennifer Lawrence) por uma questão de "hierarquia".

Tentei explicar que, infelizmente, o filme escancara o fato de que Kate é tratada com indiferença desde o começo, quando eles passam a comunicar as autoridades sobre o cometa. E que piora quando ela é rotulada como "louca" ao ficar brava na entrevista da TV. Aliás, mais do que isso: ela passa a ser extremamente ridicularizada (através de memes, piadas, sketches, etc.).

Assim que sai da entrevista, ela recebe a notificação de publicação de um artigo do seu próprio namorado "detonando" com ela, e mais uma vez a chamando de louca!


"LOUCA".
Só uma mulher que já tentou defender de forma mais calorosa uma ideia sabe o quanto dói ser chamada de louca, descontrolada, dramática...

Depois de ouvir que você é louca, tudo o que você pode argumentar numa conversa/discussão perde o valor porque fica aquela sensação de que qualquer argumento é infundado e que você de fato, está "surtada" para continuar defendendo seus pontos.

Uma vez, vi uma discussão sobre "a dor do outro" e do quanto é importante sentar, ouvir, aceitar (se desculpar, se for o caso) quando alguma colocação machucar, de alguma forma, outra pessoa.
Sem justificar. Apenas reconhecendo o erro e tentando aprender com a situação.
Atingir o outro, especialmente quando você nunca passou pela mesma situação, já parece ruim o bastante, né?!

Então, se você fez uma colocação machista, mesmo que por brincadeira sem graça, preste atenção se você não está ofendendo ninguém a sua volta. E depois, não faça mais! Não tem graça, não é legal!

As mulheres brigam muito por espaço na sociedade. Batalham demais para serem levadas a sério - inclusive para "brincar" sem serem mal interpretadas.
Piadas depreciativas, brincadeiras que levam a entender que a mulher é burra ou pouco capacitada, colocam toda essa luta a perder porque o machismo acontece, em sua maior parte, velado, de forma estrutural.

E acontece de forma tão "natural" que hoje, quando olho pra trás, percebo várias situações das quais fui "vítima" de machismo sem perceber... situações onde me senti incomodada, onde me senti acuada, até mesmo ridicularizada.

Isso tem que acabar!

No filme, podemos ainda observar que o machismo é reproduzido até pelas próprias mulheres.

Quando Kate fica brava com o descaso dos apresentadores do Daily Rip frente à notícia do apocalipse, a âncora do jornal, Brie Evantee, pergunta para o Dr. Mindy: "ela é sempre assim?", insinuando que Kate seja louca ou descontrolada. 


Assim como na primeira reunião na Casa Branca, a presidente Orlean olha com desprezo para o coturno de Kate, e seu filho Jason, chefe do gabinete, a chama de "The Girl With the Dragon Tattoo" comparando Kate à personagem Lisbeth Salander 👇 por conta do seu jeito e corte de cabelo. 

Jason ainda pede que Kate não chore porque ela "fica horrorosa chorando"!

Abuso atrás de abuso.


Novamente, quantas e quantas de nós já passamos por situações parecidas...!
Quantas vezes fomos julgadas por nossa aparência?!


O machismo opera exatamente desse jeito. Descredibilizando a mulher pela aparência, pela forma como ela se expressa... atrelando sua inteligência ou capacidade ao corpo, às roupas, ao cabelo... 

Já somos criadas para não aceitar viver fora do padrão!
Somos educadas para não aceitar nem nosso próprio envelhecimento! Um processo tão absolutamente natural!

Vivemos na luta contra a balança, vivemos queimando a cabeça no salão de beleza... começamos a passar creme anti-idade aos 25 anos... e para quê? Na verdade, para quem?

O preconceito da sociedade, revelado no filme, perante à figura da "mulher não ideal", fora dos padrões, faz sim com que ela seja ainda menos respeitada e vítima do machismo estrutural em que vivemos - além do fato de ser mulher!

E qual é a solução? Continuar lutando!
Exija respeito. Não ria de piadas depreciativas. Repreenda quando alguma forma de machismo acontecer na sua frente! Um futuro com mais respeito para as mulheres, depende as ações que realizamos hoje!

Tem poema que eu amo muito da Rapi Kaur que diz:

"estou
no topo dos sacrifícios
de milhões de mulheres antes de mim
pensando
o que posso fazer
para tornar ainda mais alta essa montanha
para que as mulheres depois de mim
possam ver mais longe"

E todas nós somos responsáveis por colocar um bocadinho de terra nessa imensa montanha.

Você? Tem carregado seu montinho?

domingo, 9 de janeiro de 2022

The first one

 

Eu amo escrever! Sempre amei!

Quando eu ainda era pequenininha, com apenas 5 anos, aprendi a escrever minhas primeiras palavras. Meus olhos se enchiam quando eu via todos aqueles desenhos lindos carimbados no meu caderno de caligrafia.
Eu escrevia, exatamente como a professora pedia, pelo menos dez vezes cada palavra - e amava!

Assim que saí do pré, ganhei na festinha de formatura um livro chamado "Lucia já vou indo". Perdi as contas de quantas vezes li pra mim e para minha irmã!

Aos 7, ganhei meu primeiro concurso de leitura na biblioteca da escola. Em uma visita à biblioteca, as crianças da minha sala escolheriam, através de aplausos, quem havia lido melhor o trecho do livro escolhido. Ganhei. (Mais de uma vez! #exibida) 😎

Mas a falta de estímulo e de técnica fizeram com que eu não cultivasse o hábito da leitura, sementinha tão bem plantada pelas professoras Mariê, do prézinho, e Lucy, da 1a série.

Aliás, 
à partir da 3a série, eu sofri demais na escola, porque eu não "sabia ler". Eu fui muito bem alfabetizada, mas eu não desenvolvi o hábito da leitura, o que me ferrou (literalmente) até os 19 anos.

De alguma forma, eu tinha alguma uma memória afetiva com os livros.
Quando a professora da 3a série pediu que lêssemos "O Cachorrinho Samba na Fazenda", me lembro de ter ido à biblioteca, pegado o livro e até de ter lido as primeiras cinco páginas.

Mas aos poucos, ele era largado no fundo da mochila porque ao mesmo tempo em que parecia ter poucas páginas diante dos 3 meses que a professora oferecera até a prova, parecia ter infinitas páginas, o que me deixava desmotivada a ponto de ler uma página inteira e perceber, nas últimas linhas, que eu não tinha entendido nada do que estava escrito - e eu precisava reler aquela mesma página.

Não era um caso de analfabetismo funcional porque eu conseguia ler e interpretar muito bem outras coisas que me interessavam e que eram relativamente curtas como os maravilhosos gibis da Turma da Mônica ou as matérias da quinzenalmente aguardada revista "Querida". Mas uma total falta de atenção fazia com que as aventuras do pequeno Samba se tornassem um verdadeiro tormento na minha vida!

Até que do nada, como num piscar de olhos, eu me via aos prantos, a menos de 12 horas da prova, com a minha mãe fazendo uma espécie de leitura dinâmica para me contar um resumo do livro e eu não tirasse zero. (tadinha da minha mãe)

Nunca consegui ler nada até os 19 anos! Aqueles livros obrigatórios que passaram pelas mãos de muitos vestibulandos brasileiros nunca foram abertos por mim. Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Iracema, O Cortiço... ainda são um mistério.

No segundo colegial eu cheguei a pensar em mudar as coisas. Lembro de ter ido até a biblioteca da escola para pegar "Os Lusíadas", livro obrigatório para uma prova que seria dada em breve.
Embora a "espessura" do livro já tenha me tirado uma careta espontânea, eu ainda assim peguei e insisti... mas aquela leitura extremamente difícil e cansativa não me permitiram passar da página dez e, mais uma vez, o meu fracasso literário estava documentado.

Finalmente, eu havia decidido que ler não era a minha praia. Quando quisesse, assistiria adaptações em filmes e séries e estava tudo ok! Superado.

Até que eu passei a frequentar o Centro Espírita e me interessar demais pelos estudos da Doutrina. E toda semana, enquanto eu esperava para tomar o passe depois de ouvir o evangelho, os romances de Zíbia Gasparetto me faziam companhia. Sem pressa, sem ficar ansiosa pelo final. Só eu e o livro, página a página, com toda a atenção que meu interesse podia dedicar.

Aos poucos, eu fui aprendendo a ter gosto pela leitura. E passei a devorar um livro atrás do outro. Percebi que quanto mais eu lia, mais fácil ficava. E que quando um livro ficava meio cansativo, eu "pausava" e lia outro, para só depois, então, retomar a leitura em outro momento. Sem pressão. No meu momento.

Mas se ler não foi uma tarefa tão fácil, escrever sempre foi a minha paixão! Eu criava meus próprios gibis quando era criança... amava mandar cartinhas pelos Correios para minha prima.

Participei e ganhei (em segundo lugar) de um concurso de frases da ESPN... escrevi minhas histórias em inúmeras agendas e diários. E criei muitos, muitos blogs!

Blog para falar de Espiritismo, blog para contar sobre viagens, blog de diário da minha vida, blog para filosofar sobre as coisas da vida... Blog no Blogger, blog no Wordpress... eu sempre amei "blogar"!

Mas com a rotina e as atividades do dia a dia, acabo deixando de escrever e publicar milhares de passagens e pensamentos que rondam minha cabeça! 
E dentre as dezenas de blogs que eu já criei e que (infelizmente) foram ficando para trás, essa será mais uma tentativa de concretizar os meus zilhares de pensamentos e opiniões em um "mini-site".

E é impressionante como a vontade de escrever tem me consumido ultimamente! Primeiro porque com a velocidade assustadora com a qual as informações chegam até nós todos os dias, tudo acaba virando assunto para eu querer dedilhar no teclado.
E como se não houvesse estímulo suficiente nos temas da vida real, a ficção também me inspira. Minhas séries favoritas como Sex and the city, Jane the Virgin e The Bold Type fazem com que eu traga o computador para o meu colo e escreva.

Não quero me amarrar a um tema, então você deverá encontrar um pouco de tudo por aqui! Política, amizade, amor, profissão, espiritismo, saúde, desejos, exercícios, sonhos, devaneios...

Se quiser acompanhar e participar através dos comentários, será muito bem vindo!

Espero que seja uma viagem divertida para quem lê, assim como tenho certeza que será para quem está escrevendo!

Um super beijo!